DEVEMOS DISCUTIR RELIGIÃO COM OS OUTROS?

Existe um ditado que diz: “religião, política e futebol, não se discute”. Esses temas tendem a ser objeto de debates acalorados, que podem gerar brigas até entre amigos. Mas será que esse conselho deve ser obedecido no que tange à religião? Ou será que o cristão tem obrigação de defender sua fé, como para falar de Jesus Cristo, sempre que tiver oportunidade, mesmo em situações onde há resistência?

A primeira carta de Pedro capítulo 3, versículo 15, diz o seguinte:

    “…estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir a razão da esperança que há em vós”.

Portanto, é nossa obrigação, como cristãos, estarmos sempre em condições de falar sobre a nossa fé e justificá-la. E a primeira consequência dessa ordenança é que precisamos ter o preparo necessário para poder fazer isso: por exemplo, ser capaz de explicar porque temos a certeza de que a Bíblia é a Palavra autêntica de Deus (veja mais), conhecer os versículos fundamentais sobre a nossa fé, falar do plano de salvação de Deus para o ser humano, etc.

Outra consequência direta do texto transmitido por Pedro é que não podemos nos omitir desse tipo de debate, para ficar numa posição confortável – o chamado “agente secreto de Jesus Cristo” (mais detalhes).

Agora, nada disso significa que devemos brigar, partir para um embate. Nosso objetivo deve ser sempre conversar, trocar ideias e esclarecer. Até porque o cristianismo ensina o amor ao próximo e uma atitude agressiva somente vai dar um testemunho contraditório para os ouvintes.

Eu já tive inúmeras conversas sobre religião e nunca precisei brigar. Sempre respeitei e fui respeitado. Uma única vez as coisas passaram dos limites e por minha culpa poi era muito jovem e um pouco afoito.

Mas, para que seja possível desenvolver uma conversa produtiva, é preciso tomar alguns cuidados. Em primeiro lugar, ter sempre em mente que a luta não é contra carne e sangue (as pessoas), mas contra as divindades e potestades (espíritos do mal) que estão por trás das crenças erradas que as
pessoas porventura sigam.

Muita gente sincera pode estar seguindo o caminho espiritual errado, acreditando que faz o bem e o melhor para si mesmo. Basta lembrar do caso do pastor Jim Jones, onde muitos seguidores dele escolheram morrer, acreditando que faziam o certo.

Em segundo lugar, cuidado para não querer enfiar seus argumentos “goela abaixo” da outra pessoa. Muitas vezes ficamos tão mobilizados para tirar a pessoa do caminho que entendemos errado, que podemos forçar demais os argumentos. A partir de um ponto, a pessoa que ouve se fecha para novos argumentos e não adianta insistir. O melhor é parar e, se possível, voltar depois, numa outro momento.

E isso acontece porque ninguém gosta de reconhecer que está errado. Para qualquer pessoa, abandonar a religião que professa e reconhecer que ela lhe fazia mal, é muito difícil – precisa de uma grande dose de humildade e disposição para mudar.

E não vale o argumento que a oportunidade de falar de Jesus para aquela pessoa vai ser uma só. A Bíblia fala que a palavra dada sobre Jesus Cristo nunca volta vazia, já que, de alguma forma, ela frutifica dentro de quem a ouviu. Embora, muitas vezes, o resultado final somente venha surgir tempos depois.

Uma vez estava num taxi e o motorista me relatou sobre uma palavra dada muito tempo atrás para ele, por outra pessoa. Essa palavra não saia da cabeça dele e ele me pediu mais explicações sobre seu significado. E ele saiu da conversa dizendo que ia procurar uma igreja. Não sei qual foi o final da história, mas esse é um exemplo claro da palavra frutificando aos poucos.

Em terceiro lugar, nunca se aproxime do outro com críticas diretas ao que ele acredita ou faz. Ao invés de dizer que, por exemplo, sua religião é coisa do Demônio e assustar a pessoa, fale do cristianismo. A agenda deve ser sempre positiva. Apoie-se nos ensinamentos de Jesus para construir seu argumento e pode ter certeza que não haverá argumentos melhores. Se a pessoa aceitar a mensagem de Cristo, rapidamente vai perceber que está errada e ela mesma vai concluir que precisa mudar de vida.

Em quarto lugar, lembre-se que você não é dono da verdade. Por exemplo, se sua conversa for com uma pessoa que segue outra linha do cristianismo que não a sua, existirão diferenças de doutrinas quanto à forma de batismo, de tomar a comunhão, de liderança religiosa, de escolha para salvação, etc. Por mais que você tenha certeza que sua posição é correta, outras pessoas igualmente inteligentes, preparadas e amantes de Cristo podem ter uma opinião diferente. E você precisa entender que há chance delas estarem certas e você errado. Afinal, somos todos limitados. Ninguém pode se considerar dono da verdade.

Certa vez vi um pastor subiu ao púlpito da sua igreja e disse que, depois de estudar e orar muito, chegou à conclusão que a doutrina da predestinação (salvação para uns e perdição eterna para outras previamente estabelecidas por Deus) estava errada. E explicou que iria conduzir a igreja a uma mudança de posição. Sem entrar no mérito dessa discussão teológica, a atitude desse pastor foi correta – ele se convenceu que estava errado e não teve vergonha de mudar.

Finalmente,lembre-se sempre que quem muda o outro não são os seus poderes de argumentação, por melhores que eles sejam. Quem faz a mudança é o Espírito Santo. Se Ele não agir, você poderá ficar até rouco de tanto falar que nada vai acontecer. Faça sua parte, mas lembre-se que sem o Espírito Santo você nada vai conseguir de concreto.

Discutir religião, no sentido de conversar e trocar ideias, sempre. Brigar por religião, nunca. Esse é o ensinamento do cristianismo.
Escrito Por: Vinicius Moura

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Confira 5 dos milagres mais polêmicos da História - By: Mega Curioso

Festival Parabolas: O construtor de uma torre